sábado, 18 de junho de 2016

Subsede de Governador Valadares do Sind-UTE/MG marca presença na etapa final do Fórum sobre o Plano Estadual de Educação

Subsede de Governador Valadares do Sind-UTE/MG marca presença na etapa final do Fórum sobre o Plano Estadual de Educação

O assassinato de uma liderança indígena dos Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul, na tarde da última terça-feira (14/06) em uma investida de fazendeiros da região; o ataque armado a uma boate voltada para o público LGBT, em Orlando/EUA, no último dia 12/06, que deixou 49 mortos e mais o atirador  e  o estupro coletivo de uma menor de 16 anos, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 25 de maio deste ano, foram citados pela coordenadora-geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Beatriz Cerqueira, na abertura da etapa final do Fórum sobre o Plano Estadual de Educação,  nesta quarta-feira (16/06), no Plenário da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Foto: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG
Na presença de um plenário lotado, com participação de educadores/as vindos de todas as regiões do Estado, em caravanas organizadas pelo Sind-UTE/MG, Beatriz Cerqueira, citou nominalmente cada vítima dessas tragédias. Fez isso, para dizer que episódios como esses responsabilizam a todos aqueles que não querem discutir a educação como o lugar da diversidade, onde deverá haver respeito e igualdade a quem quer que seja: mulheres, negros, povos originários, pessoas com necessidades especiais e pessoas com diferentes orientações sexuais. “A escola não pode deixar de discutir as questões de gênero, não pode se transformar no lugar da homofobia e da exclusão. O Sind-UTE/MG e os movimentos sociais têm levantado essas bandeiras por entender que a escola pública e democrática é um lugar de respeito à diversidade, um mundo pleno de felicidade e de vida”, ressaltou.
Foto: Lidyane Ponciano/Sind-UTE/MG
E o respeito às diversidades, bem como o papel que a escola deve assumir nesses aspectos deram o tom aos debates, neste primeiro dia de discussão da etapa final Fórum. Também não faltaram as vozes recorrentes dizendo a todo tempo: "Fora Temer!"
(...)
Ponte para o abismo
Entre os anúncios feitos pelo governo Temer e que trazem consequências graves para educação, destacam-se:
- A desvinculação do Orçamento Público de investimentos em educação e saúde, possibilitando que estados e municípios não sejam obrigados a investir o mínimo constitucional de 25% de impostos arrecadados em educação.
- A adoção da política da meritocracia em detrimento de políticas de valorização da carreira e do Piso Salarial Profissional Nacional na educação básica pública.
- Reforma da Previdência impondo aumento do tempo de contribuição com mudança na idade mínima, fim da aposentadoria especial para professores e aumento do tempo de contribuição para as mulheres.
- Adoção de políticas de privatização no serviço público como parceria público-privada.
- Tramitação do projeto de lei 257/16 que, se aprovado, aumentará alíquotas de contribuição para a previdência dos servidores públicos, proibição de reajustes salariais, proibição de realização de concursos públicos e nomeações.
- Aprovação da terceirização sem limites, inclusive, para atividade-fim.
- Mudança na forma de exploração do pré-sal, acabando com a Lei da Partilha e a destinação de 75% dos royalties e 50% do Fundo Nacional para a educação.
Caso essas medidas se concretizem, haverá retrocessos em relação a direitos e qualidade na educação e haverá também perdas de direitos para toda a classe trabalhadora.
A Subsede de Governador Valadares do Sind-UTE/MG marcou presença na etapa final do Fórum sobre o Plano Estadual de Educação, com a presença de doze Trabalhadores em Educação, com doze representantes:


Participou do Grupo 1 – Acesso e universalização:
* Alba Valeria Guedes Toledo, Assistente Técnico da Educação Básica (Secretária) da E.E. São Tarcísio - Governador Valadares.
Foto: Clarissa Barçante/ALMG
Participou do Grupo 2 – Inclusão educacional, diversidade e equidade:
* Laryssa Gomes Monteiro, Professora de Anos Iniciais e de Atendimento Educacional Especializado da EE Professor Nelson de Sena e da EE Professora Theolinda Souza do Carmo - Governador Valadares.
Foto: Ricardo Barbosa/ALMG
Participaram do Grupo 6 – Formação e valorização dos profissionais da educação:
Foto: Raíla Melo/ALMG
* Carmem Ferreira da Silva, Professora de Língua Portuguesa da EE Professora Ondina Pinto de Almeida - Engenheiro Caldas.

* Arthur Magno Pereira de Souza, Professor de História da Escola Estadual Paulo Luiz - Mathias Lobato e da Escola Estadual Frei Inocêncio - Frei Inocêncio.

* Marcelo Luciano Vieira, Professor de Matemática da E.E. Carlota de Andrade - Itanhomi.

* Jair Fortunato Dias Júnior, Professor de Filosofia do Centro Interescolar Dr Raimundo Soares de Albergaria Filho e da Escola Estadual Professor Paulo Freire - Governador Valadares.

* Flaviany Góis Pereira de Brito, Especialista em Educação Básica (Supervisão) da Escola Estadual Professor Paulo Freire - Governador Valadares.

Participou do Grupo 7 – Gestão democrática:
* Fernanda Góis de Brito, Professora de Sociologia da EE Israel Pinheiro - Governador Valadares.

Participaram do Grupo 8 – Articulação entre os sistemas de educação e
financiamento:
Foto: Raíla Melo/ALMG
* Waender Soares de Sousa, Professor de Geografia do Centro Interescolar Dr. Raimundo Soares de Albergaria Filho e da E.E. Professor Nelson de Sena - Governador Valadares.

* Maria Lúcia de Souza Mateus, Auxiliar de Serviços Básicos da EE Júlio Soares - Governador Valadares.

* Maria Aparecida, Auxiliar de Serviços Básicos do Centro Interescolar Dr. Raimundo Soares de Albergaria Filho - Governador Valadares.

* Rafael Júnior Toledo de Lima, Professor de Física e de Matemática da EE Professor Darcy Ribeiro (Liberação Sindical)  - Governador Valadares, que  foi o relator dos trabalhos do grupo nesta Etapa Final.

Políticas para minorias é destaque no fórum da educação

Propostas para o Plano Estadual foram entregues ao presidente da Comissão de Educação e serão analisadas no substitutivo.


A votação de diretrizes educacionais que beneficiem minorias, em especial homossexuais, bissexuais, transgêneros e profissionais do sexo, foi a grande polêmica da votação na plenária final do Fórum Técnico Plano Estadual da Educação, promovido pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), nesta sexta-feira (17/6/16). As discussões começaram pela manhã, no Plenário, e se encerraram por volta das 23 horas. O documento com as propostas aprovadas foi entregue ao presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da ALMG, deputado Paulo Lamac (Rede) que a repassará ao presidente da Casa, Adalclever Lopes (PMDB). Ele afirmou que o sentido das sugestões será acolhido no substitutivo que será apresentado ao  Projeto de Lei (PL) 2.882/15, do governador Fernando Pimentel, que contém a proposta oficial do Plano Estadual de Educação e traz diretrizes, objetivos, metas e estratégias para essa área pelos próximos 10 anos.

Entre as 21 metas em que foi organizado o texto, o debate mais acirrado foi na meta Educação de jovens e adultos, concentrando-se nas diretrizes que mencionavam as minorias, em especial aquelas relacionadas à orientação sexual.

Diversos participantes, muitos deles com camisas do movimento Patriotas, procuraram retirar do texto a menção às minorias, argumentando que as citações ofereciam benefícios injustificados a segmentos da população, em prejuízo da maioria. Condenaram especialmente a menção a homossexuais e profissionais do sexo, por considerarem que isso estimularia a erotização precoce das crianças.

Os argumentos levaram alguns professores a se manifestarem contrariamente, argumentando que o trabalho discente, seja qual for a orientação do profissional, não é erotizar ninguém, mas trabalhar com o conhecimento.

Após diversos pronunciamentos que condenaram a chamada “ideologia de gênero”, uma participante, que se identificou apenas como Libernina, solicitou a palavra: “Gênero não é ideologia, é identidade. A gente não ensina transexualidade a ninguém. É algo que já existe. Não é uma doença”, afirmou.
Em alguns momentos, divergências ideológicas provocaram conflitos, interrupções de pronunciamentos, bate-bocas e mesmo a queixa de uma participante de que teria sido ofendida e chamada de “coxinha”, e de outro que disse ter sido chamado de fascista. Por diversas vezes, o deputado Paulo Lamac, que também presidiu a plenária, interveio e procurou serenar os ânimos.
Os pedidos de supressão da menção às minorias acabaram rejeitados pela plenária. Uma das diretrizes que gerou polêmica foi a que propõe garantir a oferta de educação de jovens e adultos “às populações em situação de vulnerabilidade social, pessoas LGBT – em especial travestis e transexuais – mulheres, negros, população do campo, indígenas, quilombolas, povos tradicionais, população em situação de rua e população em situação de privação de liberdade, que não tiveram acesso ou não concluíram o ensino fundamental ou o ensino médio”. A proposta acabou aprovada com uma única alteração: que se garanta o direito de travestis e transexuais usarem o nome social (e não o de batismo) nesses processos educacionais.
Diversas outras diretrizes relacionadas provocaram disputas acirradas. Uma delas é a que propõe “desenvolver e implementar políticas e mecanismos de acesso e permanência na escola para jovens, adultos e idosos, visando, especialmente, comtemplar trabalhadores que cumprem jornada de trabalho em tempo integral, em especial profissionais do sexo, transexuais, população de rua e pessoas privadas de liberdade”.
Plano prevê consulta pública sobre creches no campo
Em metas que não faziam menção a minorias ou orientação sexual, a votação foi menos tumultuada. Na meta da Educação Infantil, uma única diretriz foi aprovada: “garantir que a Secretaria de Estado de Educação realize, em colaboração com os municípios, no primeiro ano de vigência do Plano, consulta pública para identificar as demandas das famílias por creches e pré-escolas no campo”.
Já durante a votação das estratégias relacionadas ao Ensino Fundamental e ao Ensino Médio, houve uma preocupação em excluir a iniciativa privada de parcerias firmadas para implantação de políticas públicas.
Com relação à meta da Educação Especial, foram aprovadas, com facilidade, estratégias que propõem assegurar o transporte gratuito para o aluno com deficiência e também proporcionar o atendimento adequado aos alunos superdotados.
Durante a plenária final, também foi aprovada uma meta suplementar, às 20 que já constavam no texto. Trata-se da criação e implementação de um “programa educacional de combate às discriminações motivadas por preconceito de orientação sexual, identidade de gênero, machismo, LGTBfobia, de crença ou de qualquer outra natureza”. Durante a votação, um dos participantes foi aplaudido de pé pela maioria dos presentes, ao afirmar, com voz embargada, que a aprovação da proposta é um pedido de desculpas a todos os homossexuais já assassinados ou que sofreram preconceito.
Também foram aprovadas propostas sobre qualidade da educação básica, educação profissional, superior, formação e valorização dos profissionais, gestão democrática e articulação entre os sistemas de educação e financiamento. Entre os desgastes, foi aprovada a implantação nos currículos escolares de disciplinas de artes visuais, dança, música e teatro no ensino infantil, fundamental e médio.

Dentre as propostas de destaque, os participantes aprovaram o aumento dos recursos investidos em educação pelo Estado dos atuais 25% para 30% a partir do sexto ano de implantação do PEE. Também foram favoráveis a destinar 100% dos recursos transferidos ao Estado, resultantes do Fundo Social do Pré-Sal, royalties e participações especiais referentes ao petróleo, à produção mineral e ao gás natural.


Para o nível técnico, os participantes propõem instituir concurso público para garantir 30% de professores efetivos. No quesito formação, uma das sugestões é garantir formação específica para gestores e profissionais da educação que atenda as necessidades de escolas do campo, quilombolas, indígenas, do sistema prisional, do sistema socieducativo e de educação de jovens e adultos.Outra proposta aprovada foi estabelecer carga horária reduzida em 50%, em sala de aula, sem perda de remuneração, quando a professora atingir 20 anos de serviço e ou 50 anos de idade, e o professor atingir 25 anos de serviço ou 55 de idade.

Em relação à carreira dos professores, uma das propostas é restabelecer o direito a biênios, quinquênios, com percentuais de 5% e 10%, respectivamente, e demais vantagens para os trabalhadores ativos e revisar os direitos retirados dos aposentados, a partir de 2011, com a implantação do subsídio.

Polêmica e emoção - O final das votações do grupo mais polêmico do fórum - que tratou das questões de identidade de gênero e orientação sexual - foi marcado por manifestações polêmicas e emocionantes. Na discussão da última proposta, um dos participantes do grupo que se intitula Rede Estadual de Proteção à Família, Irinaldo Silva Galdino Júnior, fez uma homenagem ao estudante universitário Gabriel Lopo, defensor dos LGBTs. "Gostaria de te dar um abraço, mas não sei se seria bem recebido", disse ele. O estudante então se levantou e os dois se abraçaram, sob aplausos dos participantes. Emocionado, Irinaldo não finalizou a intervenção sobre a proposta.
Pouco antes, uma acusação contra o Sind-Ute provocou risos e reação no Plenário. Uma das participantes do grupo conservador que se intitula Patriotas, Luciana Hass, afirmou que o sindicato dos professores havia trazido "representantes do Hamas" (partido fundamentalista islâmico) para o fórum. A presidente da entidade, Beatriz Cerqueira solicitou que a Polícia Legislativa chamasse a acusadora e pedisse que ela indicasse o nome da pessoa. "Esse é um fórum muito sério e não podemos permitir que seja usado para semear mentiras e deturpações sem que sejam contestadas".
O mal-estar foi gerado durante a discussão da estratégia suplementar que garante aos profissionais da educação que possam discutir identidade de gênero e orientação sexual em salas de aula e demais espaços de aprendizagem. Alguns do movimento "Patriotas" tentaram colocar limitações à proposta como assegurar que a discussão fosse somente com estudantes acima de 18 anos ou com a expressa autorização dos pais. Todas foram rejeitadas. 
Disputas ideológicas marcam encerramento do fórum



Ao final da votação de todas as propostas, os participantes aprovaram moções apresentadas por entidades ou pessoas: apoiando o projeto do Plano, a criação de uma CPI da Universidade Estadual de Minas Gerais e contra manifestações dos grupos Patriotas e Escola sem Partido. Esta última gerou polêmica e confronto na plenária. A moção acusava os dois grupos de manifestações "sexistas, homofóbicas, racistas e de incitação ao ódio", que foram repelidas pelos representantes. Aos gritos de "Fascistas, golpistas não passarão" e "Quem luta, educa", a moção foi aprovada pela maioria.
Beatriz Cerqueira criticou as várias tentativas de se inserir no texto final a sugestão de garantir uma escola sem partido. Segundo ela, essa seria uma bandeira do PSDB, com o objetivo de passar "a falsa ideia" de que política é igual partido. "Queremos uma escola democrática, inclusiva, que pense e, não que amordace", disse ela, que foi ovacionada. 



Após a entrega do documento ao deputado Paulo Lamac (Rede), a maioria também se manifestou contra o governo interino de Michel Temer.

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