De fato, greve não é um passeio, não é uma confraternização em que todos saem felizes! Greve é um enfrentamento a ordem, é uma subversão a regra, é suspender o calendário escolar! Então não é algo fácil de assumir e fazer! Vamos enfrentar os apresentadores de rádio e TV, bem remunerados pelo Governo Temer e pelos empresários, desqualificarem o movimento, enfrentaremos a alienação de colegas que não se vêm como classe trabalhadora (eles têm certeza de que estão acima dela apesar de receber uma das piores remunerações do mercado de trabalho!) e vamos ouvir que não adiantou nada!
Cada vez mais tenta-se esconder que cada direito que você tem hoje foi resultado de uma greve ou de várias: 13º salário, limite de jornada de trabalho, plano de carreira, Lei do Piso Salarial Profissional Nacional... também poderia continuar a lista! Nesta greve do dia 30 de junho, a pauta não é de conquista, é para não perdermos. Aí as vezes fica mais difícil ainda entender e participar, porque no jogo do capitalismo ele tenta nos ensinar que "só vale se eu ganhar". Nesta greve você não vai ganhar, vai lutar para não perder! E não perder vai significar uma enorme conquista!!!
Foi a nossa Greve Nacional da Educação, que depois se transformou num movimento de classe e não de categoria, que impediu a votação da Reforma da Previdência. Mas a Reforma Trabalhista corre o risco de ser aprovada. Ela atinge todo mundo: você, sua família, seus alunos, as famílias dos alunos! No serviço público corremos o risco da privatização, terceirização e de possibilidades de negociações abaixo do que a legislação nos protege hoje, entre outros ataques! Essa luta é por cada um de nós e pelas gerações futuras! A greve do dia 30 será suficiente? Provavelmente não! Possivelmente precisaremos fazer mais! Mas não fazer já é assumir a derrota! E a reforma da previdência pode ganhar fôlego para sua aprovação!
A verdade é que assumir o lugar de espectador não te livrará das consequências se estas reformas passarem. Me lembro, com as marcas que ficaram na minha alma, do que o Governo Anastasia fez em 2011. E foi pedagógico: retirou de TODOS os trabalhadores em educação o direito de adquirirem biênio, quinquênio, trintenário, adicional de desempenho e congelou a carreira. Isso atingiu todo mundo: quem lutou e quem não lutou! Quem fez 112 dias de greve e quem ficou como espectador! O espectador ajuda o opressor, contribui para a derrota, para a retirada de direitos!
Só os muito ricos ganham com país como está! Nós não pertencemos a este grupo! Então, temos muito o que fazer para impedir os retrocessos!
Desejo uma semana de intensas lutas pra gente! Greve geral 30 de junho!"
Beatriz Cerqueira
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