sexta-feira, 24 de junho de 2011

A realidade da Cidade administrativa que as propagandas escondem.

Tomo a liberdade para relatar os problemas pelos quais estamos passando desde que mudamos aqui para a Cidade Administrativa (CAMG).

É uma construção realmente muito bonita, principalmente vista por quem passa de longe, pela rodovia MG 10. Até para nós trabalhadores do serviço público existem algumas coisas positivas como: estações de trabalho novas, equipamentos disponíveis (computador, telefonia, fax,
impressora), espaço compartilhado por todos o que trouxe uma horizontalidade favorável ao convívio e relação interpessoal. Porém, a funcionalidade é ZERO, principalmente no prédio Minas onde se instalam as secretarias de cunho social (Saúde, Educação, Segurança e outras). Elevadores com defeitos (comprados de uma empresa chinesa), banheiros entupidos constantemente e em número reduzido (sistema de descarga a vácuo cujo lote foi comprado com defeito), restaurantes com preços elevados e baixa qualidade da comida oferecida, deficiência do transporte tanto de ônibus quanto de metrô (já que são quase 16.000 pessoas que trabalham aqui), engarrafamentos horríveis nos horários de ida e volta do trabalho; trajeto distante para a maioria dos trabalhadores que gastam em média 3 horas/dia com o deslocamento entre a residência e a CAMG ( em contrapartida existe um heliporto ostentoso por onde chega todos os dias o Governador Antônio Augusto Junho Anastasia). As distâncias que percorremos dentro da CAMG são enormes, no estacionamento, para tomar um café, ir ao banheiro, ir a uma sala de reunião, etc. Existem mais problemas, mas vou parar por aqui, estamos fazendo um dossiê com fotos, depoimentos, estatísticas com dados sobre licenças médicas, adoecimentos etc. e posteriormente enviaremos para todos. Em torno desses acontecimentos em fevereiro de 2011 os trabalhadores da CAMG se uniram (efetivos, celetistas, contratos, recrutamentos amplos, comissionados) e montaram uma comissão intitulada 6 horas já para todos pleiteando a redução da jornada de trabalho independente do vínculo empregatício e sem redução de vencimentos. Esta é a nossa luta atualmente aqui, já fizemos 4 manifestações e participamos de uma Audiência Pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais no dia 09/06/11. Reunimos-nos semanalmente e aceitamos o apoio das pessoas e entidades que acreditam na pertinência da nossa reivindicação. Atualmente somos apoiados pelos Deputados Estaduais do Bloco Minas Sem Censura, pelos Sindicatos da Saúde, Educação, Fiscais, Prodemg, DER, IPSEMG e Engenheiros e também participamos da luta e reinvidicações dessas entidades. Estamos tentando uma reunião com a Senhora Renata Vilhena (Secretaria de Planejamento e Gestão) e com o Senhor Governador para falarmos do que está acontecendo conosco aqui e solicitarmos a redução da jornada de trabalho. Porém eles se negam a nos receber. Já enviamos 3 ofícios para a Sra. Secretária e após 3 meses ela nos respondeu reconhecendo a comissão mas se esquivando de responsabilidade sobre os trabalhadores terceirizados e citando o decreto que dispõe sobre a redução de jornada em 25% para alguns trabalhadores efetivos. Não são todos os funcionários que tem direito a trabalhar 6 horas para se adaptar à mudança. Contestamos esse procedimento injusto, pois segundo a Constituição Federal de 1988 “Todos são iguais perante a lei”.

Enfim, estamos lutando para obter um ambiente de trabalho mais saudável, melhor qualidade de vida, tempo para a vida social, estudantil e em família, o que nos foi tirado após esse confinamento aqui neste lugar frio, sem humanidade e distante. É uma luta política no melhor sentido da palavra, pois temos compromisso com o serviço público e como trabalhadores do povo e cidadãos é normal e legítimo que tensionemos o Governo para a percepção da existência da lógica da solidariedade que nós defendemos contrapondo à lógica da racionalidade dura a que ele tenta nos submeter.

Contamos com a compreensão e apoio de todos.



Um grande abraço,

Comissão de Trabalhadores da Cidade Administrativa de Minas Gerais.

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