quarta-feira, 21 de maio de 2014

O Cuscuz alegado é realidade também no Governo de Minas Gerais!



Por Lídice Pimenta.
Professores da E.E. Alexandre Peixoto da Silva (Bairro Santa Paula) em Governador Valadares têm que se alimentar das sobras de alunos!
 Hoje eu e o Diretor Estadual do Sind-UTE/MG e Professor Rafael Toledo visitamos a Escola mencionada acima.
Quem não se lembra do discurso da professora Amanda Gurgel, proferido na Assembleia Legislativa da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, que levou ao conhecimento nacional o descaso com a Educação Pública, em que um dos destaques foi a expressão “cuscuz alegado”.

Referia-se à proibição pela Justiça e pela Secretaria de Educação daquele estado de os professores se alimentarem da merenda escolar, alegando que o cuscuz é destinado apenas aos alunos. Assim surgiu a expressão “cuscuz alegado”.

Esse não é um caso isolado no Rio Grande Norte e não é só um relato da nossa companheira Professora Amanda Gurgel. Essa é uma realidade vivida em todo o Brasil, e em especial em Governador Valadares, em uma escola estadual situada na periferia da cidade.  E é nesse contexto que será tratado, durante a greve dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais, o desrespeito que estamos passando em nossos ambientes de trabalho.

Recebemos uma denúncia no Sindicato dos professores de que um fato deplorável e triste estaria acontecendo na escola estadual Alexandre Peixoto da Silva (Bairro Santa Paula) em Governador Valadares.

 Fomos até a escola para ouvir as pessoas e saber o que realmente estaria ocorrendo, e nos deparamos com uma situação de violação de Direitos Humanos e assédio moral.

“Professores que cumprem uma carga horária de 12 a 14 horas diária estão proibidos de comer na escola. (....) A merenda servida aos alunos do projeto de Escola de Tempo Integral.(....)Aliás merenda paga por estes servidores, no valor de 2 reais e cinquenta centavos o prato”. Segundo a DIRETORA desta escola, foi uma determinação da INSPETORA, responsável pela mesma. (...) Que, mesmo pagando, os servidores só poderão comer SE SOBRAR o resto dos alunos....É PRECISO ESPERAR QUE TODOS OS ALUNOS FIQUEM SACIADOS, para que o professor possa comer...DETALHE: mesmo pagando pelo almoço”.

Relatamos o fato para dizer que esse tratamento do Governo de Minas é desumano e inadmissível, e nós repudiamos esses acontecimentos. Não é nada novo na nossa realidade, pois o SINDUTE já denunciou esses acontecimentos em outros momentos.
                                              
Em 2012, o sindicato disse ao jornal Tribuna de Minas que a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, alegando estar respaldada por legislação nacional, acabou com a tradição de professores e alunos dividirem a mesa no intervalo para merenda, determinando que as superintendências regionais de ensino proíbam os trabalhadores em educação de merendarem nas escolas.

         De acordo com a assessoria de comunicação da pasta, o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), estabelecido pela Lei 11.947/2009 e vinculado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, prevê que a alimentação escolar é destinada exclusivamente aos estudantes, sendo proibido o consumo por professores e quaisquer outros funcionários.
Nesse sentido, viemos dizer que repudiamos esses acontecimentos e estaremos denunciando tais fatos à população, pois, na nossa avaliação, esta proibição é uma perseguição e humilhação aos trabalhadores em educação, que, muitas vezes, comem na escola porque não têm outra opção, não dá tempo devido à sua jornada tripla de trabalho, e nunca recebemos tíquete-alimentação (parcela que é paga pelo Estado a outras categorias profissionais) ou outro tipo de complementação salarial.


 Lídice Pimenta é professora do Centro Interescolar Dr. Raimundo Soares de Albergaria Filho, representante da CSP Conlutas e coordenadora do Pré-vestibular Educafro Núcleo Pedra Negra.

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