Cresce entre nós (trabalhadores em educação) a defesa do voto branco ou nulo. Essa atitude é totalmente ineficaz em relação aos objetivos que propagam para essa atitude. Mais de cinquenta por cento dos votos nulos ou branco, ou mesmo abstenção em massa não anulam uma eleição.
É óbvio que quem escreve essas postagens ou publicam vídeos defendendo essas ideias tem seus objetivos claros e cuidadosamente planejados. Tem um público alvo que pretende atingir: o eleitor que tem o voto de qualidade, que não barganha sua escolha e vota o mais consciente possível.
O mau político sabe que não tem o voto desse eleitor. Portanto prefere que ele vote branco ou nulo ao invés de ajudar eleger alguém que fará um trabalho diferenciado e honrará aqueles que o escolheram. Por isso difundem na sociedade essas ideias e muitos a abraçam.
Quando dizemos, por exemplo, que quem votar a favor do desmonte da previdência não terá nosso voto, os políticos que sabem, que não serão apoiados por nós, lançam a campanha do voto nulo ao da não reeleição de ninguém. Dá para entender a diferença?
Existem candidatos que têm suas "fórmulas" para obter votos, inclusive comprando apoio de lideranças nos municípios de pequeno e médio porte e nos bairros das grandes cidades. Quem mora em cidade pequena sabe o quanto é forte a pressão para votar em determinados candidatos. Em cidades de médio e grande porte imagino que não seja diferente, também há formas e meios de obtenção do sufrágio da maioria dos eleitores.
Lembro-me de um pleito quando uma empresa obrigou os seus funcionários votarem em uma “dobradinha” de deputados, estadual e federal, controlando pelo número da seção de seus funcionários a quantidade mínima de votos que essa dobradinha deveria ter. Entre o emprego e uma escolha livre sabemos qual foi a opção da maioria dos funcionários dessa empresa.
Há candidatos que disputam as eleições com suas experiências e história de vida, individual ou do grupo que o apoia. Esses têm dificuldades de obterem votos. Raramente são eleitos. As campanhas que defendem o voto nulo ou branco ou a não reeleição de ninguém objetivam que esses candidatos tenham mais dificuldades em se eleger (ou reeleger).
Descontruir uma candidatura séria é muito fácil. Uma boa candidatura e uma liderança autêntica levam anos para ser construída.
Por isso, defesas dessas ideias (voto branco ou nulo e a não reeleição de ninguém) estão na contramão do que realmente queremos para o nosso país, para o nosso estado e para os munícipios onde vivemos.
A conjuntura de hoje aponta a aversão a política como estratégia de manutenção no poder de quem lá está há séculos e servindo a interesses que não são do povo brasileiro.
O golpe político midiático que submeteram o país em 2016 foi para evitar “maiores contratempos” em seus propósitos. Dessa forma, partidos mudam de nome, aparecem candidatos que são “apolíticos” e movimentos de massa propagam que não são partidários. Sabemos que são e aos partidos que servem.
A Campanha Eleitoral de 2018 está bem próxima. Quantos de nossos alunos faltarão às aulas para distribuírem “santinhos” de candidatos em troca de alguns reais?
Podemos analisar que o brasileiro não gosta de política, mas gosta de eleição, de disputa, de campanha, das festas, churrascos e regalias que as campanhas oferecem.
O nosso papel como trabalhadores em educação não deveria ser exatamente o contrário? Ao invés de defendermos o voto branco, nulo a não reeleição de ninguém, tomássemos uma postura de formação consciente de nossos alunos. Se conseguirmos mudar nas próximas eleições o perfil desse congresso, pelo menos em parte, já teremos uma grande vitória.
Talvez um de nossos maiores erros, seja acreditar que a política partidária e as eleições resolvem nossos problemas. Daí as sucessivas decepções. E de decepção em decepção a gente vai perdendo o encanto, a esperança e a vontade de lutar e de participar da vida política de nosso país, de nossa comunidade ou mesmo de nossas lutas específicas. Um grande erro individual e coletivo. E há quem nos induz a esses erros, “de forma bem planejada e articulada”. A mídia brasileira está a esse serviço.
Outro erro que muitos de nós cometemos, é acreditar que há soluções rápidas vindas de um salvador de Pátria. Não há. A caminhada, para superar os grandes desafios da nossa sociedade, é longa, com avanços e retrocessos. Se não tivermos clareza de onde queremos chegar, foco em nossos objetivos e estratégias bem definidas, não teremos avanços na construção de uma sociedade que ofereça dignidade de vida para todo o seu povo.
Ainda somos demasiadamente despolitizados. Grande parte de nosso povo não sabe a diferença entre eleição majoritária e proporcional, e não conhecemos as regras para a eleição de vereadores e deputados. Participamos de um jogo, sem entender as suas regras.
Somos chamados, como cidadãos e principalmente como Trabalhadores em Educação a adotarmos uma postura diferenciada, crítica, e que contribua para o entendimento e superação dos desafios que nossa geração está enfrentando.
Antonio Carlos Mendes
Coordenador da Subsede Governador Valadares do Sind-UTE-MG
Regional Vale do Rio Doce
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