É que se forma um cidadão
Na sala de aula
Que se muda uma nação”
(Leci Brandão)
Outro dia li um artigo que dizia que a Classe Trabalhadora aprende na prática e não na teoria. É o que está acontecendo conosco nessa época de anormalidade democrática.
Porém a questão é: o que, como e quando falar?
Falar sempre.
O que falar?
A política interfere na vida de todos nós. As ações políticas criam melhores ou piores condições de vida para parte significativa da sociedade. Privilegiam uns em detrimento de outros. São escolhas cuidadosamente planejadas. Eu, você, nossos alunos, a família de nossos alunos, a comunidade que vivemos e a o povo em geral precisa entender (e participar) cada vez mais de política.
Devemos refutar, de forma veemente, todas as ações que nos levam à apolítica, como o tão propagado voto nulo, as formas de manifestações que sempre dizem, “você não precisa sair de casa” e os clichês que são repetidos: “são todos farinhas do mesmo saco”; “todos os políticos são iguais”, “não voto mais em ninguém”, ....
No entanto, devemos refletir a quem interessa que o povo tenha essa postura? Quem são os beneficiados pela apatia política?
Na prática o povo está aprendendo que, vereador, deputado e senador votam leis. Não são aqueles/as homens ou mulheres que vêm às nossas cidades de vez em quando, anunciam um benefício (ônibus escolar ou ambulância) ou obra, (asfalto ou calçamento de rua) e que merecem o voto da população daquela localidade em “agradecimento” ao benefício concedido.
Depois da deposição da Presidenta Dilma, o país pôs fim ao sistema de partilha do Pré-sal, fez a reforma do Ensino Médio, impôs o teto dos investimentos nas áreas sociais, aprovou a terceirização irrestrita, o desmonte da legislação trabalhista e quer por fim ao nosso direito de uma aposentadoria digna.
Enquanto isso, o povo continua assistindo a tudo, sem entender as dimensões dessas mudanças. Precisamos, então, falar de política em casa, na escola, nos locais que frequentamos e onde tivermos oportunidade. Se esperarmos que outros façam, sobretudo a Mídia, demoraremos mais tempo que o necessário para sairmos dessa enrascada.
Como falar?
Precisamos de discursos e de posturas que nos levem, à reflexão, sobre a realidade. Entender a conjuntura é quesito essencial para construirmos alternativas para vencermos os desafios que o momento nos impõe.
A esperança e confiança no potencial do povo brasileiro deve ser o cerne de nossa prática. Os nossos opressores querem que percamos a esperança e vivamos a apolítica. Vamos fazer exatamente o contrário.
Precisamos ir além do noticiário e entender por quais motivos estamos vivendo uma realidade de desmonte do estado brasileiro. Por que Dilma foi retirada de seu cargo e a Câmara dos Deputados não permite que o presidente seja investigado? Por que leis que nos beneficiam, como a destinação dos Royalties do Pré-sal para a educação, demoram anos para serem aprovadas, outros para serem regulamentadas e outros tantos para serem executadas e as que nos prejudicam são aprovadas em tempo recorde e imediatamente são colocadas em prática?
Por que uns são condenados e outros reconduzidos a seus cargos? Os condenados realmente são culpados? E os absolvidos realmente são inocentes? Ou há outras motivações por trás dessas decisões “jurídicas”?
Por que panelas ecoaram, ruas ficaram abarrotadas de gente para tirar Dilma e hoje o país está inerte? As mazelas que levaram o povo gritar "fora Dilma" foram superadas? Ou aquele povão era apenas massa de manobra do capital nacional e internacional?
Por que os três senadores de Minas, em todas as votações importantes, votaram contra os nossos interesses, aprovando leis que nos prejudicam? O mesmo ocorre com dezenas de deputados votados em nosso estado.
Por que reformas estruturais que nos beneficiam não são aprovadas?
Se houver eleições em 2018 (tomara que haja) teremos oportunidade de renovar Assembleias Legislativas, Câmara dos Deputados, Senado Federal, Governos Estaduais e a Presidência da República.
A grande questão é não tocar seis por meia dúzia, ou pior, por menos seis.
Também precisamos reconhecer os limites da luta política. Ela não está dissociada de nossa luta sindical e dos movimentos que participamos. Uma ação não substitui outra.
Durante a greve nacional da educação, dizemos para toda sociedade que Deputado e Senador que votasse a favor do desmonte da previdência, da terceirização irrestrita e do fim das garantias trabalhistas não teriam o nosso voto. É o momento de colocarmos esses discursos em prática, diuturnamente. Caso contrário a mídia, a propaganda oficial paga, os palanques montados nas festas que são realizadas em nossos municípios, o oba oba das campanhas eleitorais desconstruirão, mais uma vez, o nosso projeto e darão continuidade a governos que administram dos ricos para os ricos.
Antonio Carlos Mendes
Coordenador da Subsede Governador Valadares
Sobrália, 05 de agosto de 2017
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