Trabalhadores/as em Educação de Conselheiro
Pena têm realizado diversas ações para discutir com os poderes locais e a
comunidade escolar no sentido de esclarecer o Município sobre os problemas
trazidos pelo projeto de municipalização das escolas estaduais apresentado pelo
governador Romeu Zema. Para isso, tem se produzido material gráfico e vídeos
para as redes sociais, reuniões, cartas, mensagens, discussões em módulos
coletivos, transmissões ao vivo e reuniões, buscando diálogo com o Executivo.
Entre essas ações, militantes do Sind-UTE/MG, da Subsede Governador Valadares,
têm se reunido com a Câmara Municipal. Em especial, no dia 06 de maio, para
esclarecimentos aos vereadores e trabalhadores/as presentes sobre os problemas
causados pelo processo desencadeado, ressaltando a importância das Escolas Estaduais
para o Município.
Desde quarta-feira, 12 de maio, carro de som com texto expressando as
manifestações da Comunidade Escolar, visitou diversos pontos de referência de Conselheiro
Pena, para a denúncia a toda a população contra a precarização da Escola
Pública.
A falta de diálogo com os sindicatos,
entidades educacionais e comunidades escolares é uma marca do governo Zema,
evidenciada pelo projeto lançado em março desse ano pelo governo de Minas, por
meio da SEE/MG. Inclusive, o próprio governo encaminhou à Assembleia
Legislativa o Projeto de Lei 2.657/2021, que institui o “Mãos Dadas” e tem como
um dos objetivos impedir que as Câmaras Municipais possam intervir no processo
de municipalização.
O Sind-UTE/MG
reivindicou a anulação do projeto e reforçou à representação da SEE/MG que a
medida vem sendo executada de maneira antidemocrática. Portanto, compromete a
qualidade da educação, gera desemprego na categoria, reduz matrículas e nega o
direito à educação.
Posturas
impositivas na maneira como o projeto foi apresentado às prefeituras,
conduzindo à adesão sem qualquer análise detalhada das reais condições do
município têm sido presenciadas, vindo da parte do governo de Minas, ao
apresentar uma mudança estrutural e prejudicial na Rede Estadual durante o pior
momento já enfrentado com a pandemia de Covid-19.
A intenção do governo é municipalizar
cerca de 70% de toda a Rede Estadual em três anos, com os anos iniciais e
finais de todo o ensino fundamental.
De acordo com análise feita pelo Dieese
– Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, além de
retirar mais de R$ 1 bilhão de reais de recursos do Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da
Educação (FUNDEB), o “Mãos Dadas” trará um prejuízo de R$ 1,35 bilhões para as
prefeituras a partir da transferência de mais de um milhão de matrículas. No Município
de Conselheiro Pena, estima-se 862 estudantes de anos iniciais na rede
municipal. Esse número tende a aumentar para 1.277, representando aumento de 48%
nas matrículas e, um déficit imediato de 1.676.021,67 aos cofres do Município.
O Sind-UTE/MG cobra da Secretaria a
construção do debate com as Câmaras Municipais e a necessidade de as prefeituras
apresentarem um estudo sobre o impacto financeiro e a capacidade de absorção
das matrículas na Rede Municipal. É necessário frisar que o debate não se trata
de diferenciar as Redes Municipal e Estadual, mas sim da essencialidade de
envolver todas e todos afetados pela proposta de municipalização. “Lutamos pela
educação pública de qualidade social, independentemente se ela acontece na rede
estadual ou na rede municipal. Queremos que esse direito continue sendo
ofertado, com diálogo e sem a imposição de precarização e desemprego.”
O Sindicato seguirá inarredável na luta
contra a municipalização, construindo o debate público nas Câmaras e impedindo
decisões autoritárias que ferem princípios da gestão democrática.
Além das reivindicações que Comunidade Escolar tem
apresentado para a Câmara e à Prefeitura Municipal, além da rejeição à proposta
de Zema, militantes do Sind-UTE/MG têm procurado a Casa para reiterar a necessidade
manutenção do debate, e apresentado sugestão de texto de Lei Municipal que
garanta os princípios constitucionais da transparência e do debate democrático,
com base em Projeto de Lei 2.617/2021, da deputada estadual Beatriz Cerqueira.
A Comunidade Escolar aguarda encaminhamentos pela aprovação do texto pelo Poder
Legislativo, no sentido da garantia dos poderes daquela casa, com os seguintes
princípios:
1. É a comunidade
escolar que deve definir sobre a municipalização das matrículas. Estudantes,
pais e mães e profissionais da educação serão diretamente consultados.
2. Antecedendo a consulta,
devem acontecer ampla debates com todas as informações;
3. Caso a comunidade
decida pela municipalização, a decisão ainda deve passar pela Câmara Municipal;
4. A prefeita deve
demonstrar que o município tem condições financeiras de arcar com as novas
despesas que estaria assumindo. Deve demonstrar também que já cumpriu o Plano
Municipal de Educação, notadamente no que se refere a oferta da educação
infantil.
Parabéns comunidade de Conselheiro Pena na luta contra municipalização. Parabéns subsede de Governador Valadares por dar todo apoio a esta luta.
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