Trabalhadores/as em Educação de Resplendor têm realizado diversas ações para discutir com os poderes locais e a comunidade escolar no sentido de esclarecer o Município sobre os problemas trazidos pelo projeto de municipalização das escolas estaduais apresentado pelo governador Romeu Zema. Para isso, tem se produzido material gráfico para as redes sociais, reuniões, cartas, mensagens, reuniões com o Executivo e o Legislativo municipais. Entre essas ações, a direção da Subsede Governador Valadares participou de reunião com a Câmara Municipal no dia 22 de abril, para esclarecimentos aos vereadores e trabalhadores/as presentes sobre os problemas causados pelo processo desencadeado.
O Sind-UTE/MG
reivindicou a anulação do projeto e reforçou à representação da SEE/MG que a
medida vem sendo executada de maneira antidemocrática. Portanto, compromete a
qualidade da educação, gera desemprego na categoria, reduz matrículas e nega o
direito à educação.
Posturas
impositivas na maneira como o projeto foi apresentado às prefeituras,
conduzindo à adesão sem qualquer análise detalhada das reais condições do
município têm sido presenciadas, vindo da parte do governo de Minas, ao
apresentar uma mudança estrutural e prejudicial na Rede Estadual durante o pior
momento já enfrentado com a pandemia de Covid-19.
A intenção do governo é municipalizar cerca de 70% de toda a
Rede Estadual em três anos, com os anos iniciais e finais de todo o ensino
fundamental.
De
acordo com análise feita pelo Dieese – Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos, além de retirar mais de R$ 1 bilhão de
reais de recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e
de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), o “Mãos Dadas” trará um
prejuízo de R$ 1,35 bilhões para as prefeituras a partir da transferência de
mais de um milhão de matrículas. No Município de Resplendor, estima-se 912
estudantes de anos iniciais na rede municipal. Esse número tende a aumentar
para 963, representando aumento de 5,6% nas matrículas e, um déficit imediato
de 120.244,25 aos cofres do
Município.
O Sind-UTE/MG cobra da Secretaria a construção do debate com as
Câmaras Municipais e a necessidade de as prefeituras apresentarem um estudo
sobre o impacto financeiro e a capacidade de absorção das matrículas na Rede
Municipal. É necessário frisar que o debate não se trata de diferenciar as
Redes Municipal e Estadual, mas sim da essencialidade de envolver todas e todos
afetados pela proposta de municipalização. “Lutamos pela educação pública de
qualidade social, independentemente se ela acontece na rede estadual ou na rede
municipal. Queremos que esse direito continue sendo ofertado, com diálogo e sem
a imposição de precarização e desemprego.”
O Sindicato seguirá inarredável na luta contra a
municipalização, construindo o debate público nas Câmaras e impedindo decisões
autoritárias que ferem princípios da gestão democrática.
Após a reunião com a Câmara Municipal, em 22
de abril, a direção do Sind-UTE/MG - Subsede Governador Valadares, enviou por ofício, em agradecimento à Casa pela
oportunidade do primeiro debate, apresentou sugestão de texto de Lei Municipal
que garanta os princípios constitucionais da transparência e do debate
democrático, com base no Projeto de Lei 2.617/2021, da deputada estadual Beatriz Cerqueira.
A Comunidade Escolar aguarda encaminhamentos pela aprovação do texto pelo Poder
Legislativo, no sentido da garantia dos poderes daquela casa, com os
seguintes princípios:
1. É a comunidade
escolar que deve definir sobre a municipalização das matrículas. Estudantes,
pais e mães e profissionais da educação serão diretamente consultados.
2. Antecedendo a consulta,
devem acontecer ampla debates com todas as informações;
3. Caso a comunidade
decida pela municipalização, a decisão ainda deve passar pela Câmara Municipal;
4. O prefeito deve
demonstrar que o município tem condições financeiras de arcar com as novas
despesas que estaria assumindo. Deve demonstrar também que já cumpriu o Plano
Municipal de Educação, notadamente no que se refere a oferta da educação
infantil.
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